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APELIDOS
SOBRENOMES
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APELIDOS - SOBRENOMES
Sobrenome ou Apelido é a
porção do
nome do indivíduo que está relacionada com a sua
ascendência. Está intimamente ligado ao estudo
genealógico. Na maioria das línguas
indo-europeias, o prenome precede o sobrenome (apelido de
família) na forma de designar as pessoas. Em algumas
culturas e idiomas (por exemplo em húngaro, vietnamita,
chinês, japonês ou coreano), o sobrenome precede o
prenome na ordem do nome completo. Na maioria das culturas as pessoas
têm apenas um sobrenome, geralmente herdado do pai. Muitas
vezes porém na cultura anglo-saxónica entre o
nome próprio e o sobrenome usam ainda um nome do meio, por
vezes escolhendo o sobrenome materno para esse segundo nome
próprio. Já na cultura lusófona
é costume os filhos receberem um ou mais sobrenomes de ambos
os progenitores. Também assim se procede na cultura
hispânica, porém note-se que, enquanto na
Lusofonia os sobrenomes maternos precedem os paternos na
disposição final do nome completo, na Espanha e
na América hispânica a ordem é a
inversa. Em Portugal o número máximo de
sobrenomes permitidos é quatro, o que permite o uso de
sobrenome duplo quer materno, quer paterno, enquanto que em Espanha
é de dois, mas esses dois podem ser duplos, unidos por
hífen, resultando na realidade em quatro. Já no
Brasil e nos restantes países de língua
portuguesa não existe essa limitação.
Os cognomes, apelidos, sobrenomes ou nomes de família
já eram utilizados na antigüidade, dizem os
especialistas que o primeiro povo conhecido a se utilizar de sobrenomes
foram os chineses.
Entre as historias mais famosas distingue-se a do imperador Fushi que
decretou o uso de sobrenomes (ou nomes de familia) no ano 2850 a.C.
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Os romanos possuíam um sistema
próprio de
distinguir uma pessoa de outra pelo nome e por outros apostos a ele,
pela historia desse povo, julga-se que este sistema tenha surgido em
épocas remotas e que já fosse de uso comum logo
após o inicio da expansão do poderio de Roma, os
romanos possuíam um sistema pelo qual identificavam no nome
do indivíduo qual seu clã de origem, foi uma
forma de se identificar um grupo familiar em especifico, porem, com a
queda do Império Romano em 476 d.C. este sistema
virtualmente deixou de existir, caindo em desuso.
Na idade média (476-1453) passou, pois, a vigorar
tão somente o nome de batismo para designar, distinguir e
caracterizar as pessoas. Fala-se em nome de batismo porque, na
época da queda do Império Romano Ocidental, a
península itálica já era praticamente
toda cristã. Por outro lado, os povos invasores foram
cristianizados em massa no período que se segue à
desagregação do Império. O
cristianismo se tornou um elemento aglutinador que aproximou todos
estes povos.
O estabelecimento de vários povos estrangeiros introduziu
uma grande variedade de nomes e palavras que paulatinamente foram sendo
latinizadas, salienta-se que os povos estrangeiros não
possuíam a tradição da
sobrenominização das pessoas, fato este que
influiu sistematicamente no abandono de tal costume.
O aporte de grande acervo de novos nomes, trazidos pelos povos
invasores, principalmente germânicos, o abandono da
sistemática latina de individualizar pessoas, a influencia
do cristianismo que difundia os nomes de seus mártires e
santos criaram uma confusão generalizada. Os nomes se
repetiam com freqüência o que tornava
difícil distinguir um indivíduo de outro.
Surgiu então a necessidade de se estabelecer uma modalidade
para se distinguir um cidadão do outro, para tal finalidade
foram criadas algumas formulas que auxiliavam em tal
distinção.
Na verdade, não foram estabelecidas normas baixadas
pôr autoridades, mas sim o surgimento de um modo
espontâneo na pena do escrivão, no
convívio social e na linguagem popular que inventava formas
para distinguir os dez ou vinte Johannes (João) que viviam
na mesma comunidade.
Os primeiros registros do uso de sobrenomes familiares como hoje os
conhecemos foram encontrados por volta do século VIII, ou
seja após o ano 701 d.C.
Na Inglaterra por exemplo, só passaram a ser usados depois
de sua conquista pelos normandos, no ano de 1066. Foi só no
inicio do renascimento que os cognomes voltaram a ter
aceitação geral.
No ano de 1563, o Concílio de Trento concretizou a
adoção de sobrenomes, ao estabelecer nas igrejas
os registros batismais, que exigiam, além do nome de
batismo, que teria de ser um nome cristão, de santo ou
santa, um sobrenome, ou nome de família.
Em muitas culturas também é normal uma mulher
assumir o sobrenome do marido após o casamento. Em
Países como a França, a Alemanha e nos
países anglo-saxónicos é normal a
mulher "abdicar" do seu sobrenome de solteira (o chamado maiden name) e
ficar apenas com o sobrenome do seu cônjuge. Nos
últimos anos, porém, tem-se tornado algo
frequente as mulheres estadunidenses apenas "acrescentarem" o apelido
do marido ao seu nome de solteira ou hifenizarem ambos os sobrenomes
(é o caso de Hillary Rodham Clinton).[1]
Em Espanha e em alguns países de língua espanhola
a mulher costumava substituir o seu sobrenome materno pelo sobrenome do
marido, precedido da preposição "de". Contudo,
nas últimas décadas esta prática tem
sido gradualmente abandonada.
Em Portugal a lei apenas obriga, ao registar-se um neófito,
a que este receba um nome próprio, e um dos sobrenomes
paternos, do pai, não necessariamente o último
sobrenome do pai, pode ser até o da mãe do pai,
ou sobrenome paterno do meio. Um segundo nome próprio,
sobrenomes maternos, ou mais sobrenomes paternos, até ao
número de quatro, são facultativos legalmente, ou
seja, dependem da vontade dos pais.
A partir do final do século XIX apenas, e por
influência da burguesia francesa, tornou-se algo comum as
mulheres portuguesas acrescentarem o sobrenome (ou duplo sobrenome) do
marido aos seus sobrenomes, sem no entanto perderem os seus
próprios de solteira. Esta prática pode originar
nomes extraordinariamente longos (até dois nomes
próprios, e até seis sobrenomes seguidos) ou
causar situações como uma mulher chamada Maria
Santos Silva casar com um homem chamado José Pereira Santos,
passando o seu nome a ser Maria Santos Silva Santos. Note-se no entanto
que a repetição na mulher de sobrenomes comuns
aos noivos é legalmente facultativa em Portugal, e depende
apenas do gosto da noiva. Assim por exemplo, geralmente esta Maria
Santos Silva escolherá ao casar assinar-se oficialmente
Maria Silva dos Santos, se Pereira for da sua sogra, ou Maria Silva
Pereira dos Santos, se Pereira dos Santos for sobrenome duplo do
marido. Pois a adoção do sobrenome do marido,
note-se, nunca foi obrigatória em Portugal, é
apenas facultada por lei perante a vontade expressa dos noivos nesse
sentido. Inversamente, a lei permite à mulher divorciada
guardar o sobrenome ou sobrenomes do ex-marido, se assim o entender,
por exemplo, por já ser conhecida profissionalmente e
não pretender por essa razão
retirá-los, ou outra ainda - manter o mesmo sobrenome usado
pelos seus filhos, por exemplo.
Atualmente uma nova tendência cultural entre as mulheres
portuguesas está regressando ao velho costume
português de manter os sobrenomes de solteira, não
adoptando os do marido ao casar. Também não
é incomum em Portugal uma mulher assumir o sobrenome do
marido, mas não o usar, nem na sua vida profissional, nem na
sua vida pessoal (veja-se o caso de Maria Barroso). Na lei atual,
também é permitido os homens adotarem o sobrenome
das esposas, ou cada um dos noivos adotar um sobrenome do outro em
troca, embora este uso seja raro. Em países como o
Japão, ao casar-se, um casal é obrigado a assumir
um sobrenome em comum, e apesar de na maioria das vezes ser o do homem,
o contrário também é socialmente
aceito.
A prática das mulheres assumirem o sobrenome do marido
é considerada por vezes sexista, devido ao seu aparente
significado histórico — as mulheres deixariam de
pertencer à família do pai para pertencerem
à família do marido. Esta perspectiva pode ser no
entanto contrariada, pelo menos no quadro da cultura
lusófona, onde durante séculos — e
até ao séc. XIX, pelo menos —, se
manteve o costume matriarcal de as filhas tomarem os sobrenomes de suas
mães, tias e avós, na generalidade dos casos,
tanto entre a nobreza como entre o povo, reservando-se aos rapazes o
uso dos sobrenomes dos seus pais, tios e avós (masculinos).
E ainda o costume cruzado de o primeiro filho homem tomar o nome
completo (prenome e sobrenome) do avô paterno, enquanto o
segundo filho homem tomava o nome completo do avô materno;
enquanto às raparigas se procedia dando à
primeira o nome total da avó materna, à segunda o
nome por inteiro da avó paterna, etc. Este
singularização onomástica
histórica de Portugal no quadro internacional explica-se
pelas fundas raízes matriarcais da cultura celto-galaica,
depois galaico-portuguesa, de que ele nasceu.
É interessante acrescentar que no Brasil, até o
Código Civil de 2002, somente as mulheres poderiam adquirir
o sobrenome do cônjuge. Após a nova
edição do diploma legal, o marido passou
também a poder acrescentar ao seu nome o sobrenome da
mulher, cabendo ao casal esta decisão.
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Patronímicos
Como os sobrenomes surgiramConhecer a origem dos sobrenomes
poderá indicar de onde certa família descende, no
que trabalhavam ou conhecer algumas características dos
ancestrais dessa família.
Os primeiros a adquirirem sobrenomes foram os chineses. Algumas lendas
sugerem que o Império Fushi decretou o uso de sobrenomes, ou
nomes de famílias, por volta de 2.852 a.C. Os chineses
tinham normalmente 3 nomes: o sobrenome, que vinha primeiro e era uma
das 438 palavras do sagrado poema chinês "Po-Chia-Hsing". O
nome de família vinha em seguida, tirado de um poema de 30
personagens adotados por cada família. O nome
próprio vinha então por último.
Na Antiga Roma tinham apenas um nome próprio. No entanto
mais tarde passaram a usar três nomes. O nome
próprio ficava em primeiro e se chamava "praenomen". Depois
vinha o "nomem", que designava o clã. O último
nome designava a família e é conhecido como
"cognomen". Alguns romanos acrescentavam um quarto nome, o "agonomen",
para comemorar atos ilustres ou eventos memoráveis. Quando o
Império Romano começou a decair, os nomes de
família se confundiram e parece que os nomes sozinhos se
tornaram costume mais uma vez.
Formação e evolução dos
sobrenomes em Portugal e no Império PortuguêsDesde
a Idade Média e até ao século XVIII,
em algumas zonas rurais portuguesas as pessoas eram conhecidas pelo
nome próprio, ao qual era acrescentado o
patronímico, para os rapazes, e o matronímico,
para as raparigas. Em casos mais raros, podiam os rapazes ser
conhecidos pelo matronímico, por exemplo, se não
tivessem pai, ou as raparigas pelo patronímico, no caso, por
exemplo, de o pai ser de uma família mais distinta do que a
da mãe. A partir do fim da Idade Média, numa
lenta transição das urbes para o campo, e do
litoral para o interior, os patronímicos tendem a fixar-se,
transmitindo-se sempre o mesmo, já como sobrenome de uma
dada família que o usa em comum.
Nos documentos oficiais em Portugal, por exemplo, na chancelaria
régia portuguesa, os registos mencionam sempre o nome da
pessoa, seguido do nome do pai dela, de forma a impedir
confusões entre homónimos.
A necessidade de adicionar outro nome para distinguir as pessoas de
mesmo nome veio a partir de certa altura a ganhar popularidade.
Então elas passaram a adicionar ao nome que declaravam, ou
que assinavam, o apelido (sinónimo em português de
alcunha) por que os outros as distinguiam, ou então a sua
terra de origem, por exemplo. Assim, o João Anes, filho do
ferreiro, se diria João Anes Ferreiro, podendo passar essa
alcunha/apelido aos seus descendentes. O filho de João Anes,
de Guimarães, que passasse a residir em Barcelos, dir-se-ia
João Anes de Guimarães. Este processo
é paralelo e análogo ao da nobreza, que em muitos
conhecidos se assina pelo nome das terras de senhorio da respectiva
família (João Anes de Sousa, ou seja:
João, filho de João, senhor ou dono das Terras de
Sousa), ou Afonso Vaz Correia (Afonso, filho de Vasco, da linhagem
tornada conhecida pelo epíteto/alcunha/apelido Correia).
Assim temos dois tipos básicos de sobrenomes, os que eram
dados, ou chamados pelos de fora a alguém, para o distinguir
(apelido, o mesmo que alcunha), e aqueles que são escolhidos
pelo próprio para se afirmar, ou distinguir perante os
outros (toponímicos).
No século XI, época da
Revolução Urbana na Europa, com a
explosão da população nas
até então pequenas cidades medievais, pouco mais
do que aldeias, o uso de um segundo nome se tornou tão comum
nessas urbes subitamente crescidas, e onde as pessoas passaram a ter
mais dificuldade em conhecerem-se todas, que em alguns lugares era mal
considerado não se ter um sobrenome. Mas mesmo tendo sido
este fenómeno o começo para todos os sobrenomes
que existem hoje, grande parte dos nomes usado nas Idades
Média e Moderna não tem a ver com a
família, isto é, nenhum era obrigatoriamente
hereditário, até à
implantação do registo civil com força
de lei em Portugal, no ano de 1911. Note-se que até ao
século XVII nem sequer a Família Real dispunha de
sobrenome, sendo apenas os seus membros tratados pelos seus nomes
próprios e seus respectivos títulos distintivos.
Até 1911, com efeito, a adopção dos
sobrenomes era liberal, isto é, as pessoas eram apenas
batizadas com o nome próprio, e escolhiam livremente mudar
esse nome próprio ao entrar na adolescência,
época em que recebiam o sacramento do Crisma, considerado um
novo batismo, e que permitia, e permite, mudar o nome
próprio, ou acrescentar-lhe outro. Até 1911,
pois, por conselho da família ou vontade própria,
o crismado escolhia qual ou quais os sobrenomes de família
que iria assinar como adulto. Esses registos eram exclusivamente os da
Igreja Católica, que serviam oficialmente quando preciso na
vida civil.
No século XIV, é adotada em Portugal a
língua portuguesa para os registos oficiais, abandonando-se
o latim bárbaro até então utilizado
para esse efeito. Isto paralelamente a outras
nações europeias, onde pelos anos de 1370
já se encontra a palavra "sobrenome" em documentos, nas
respectivas línguas locais. Mas sobrenome significando ainda
e apenas, então, um segundo nome mais distintivo, livremente
atribuído ou escolhido, não necessariamente
transmissível. Ou seja, não o sobrenome no
sentido contemporâneo do termo.
À medida que os governantes passaram a usar cada vez mais
documentos escritos e a deixar registrados seus atos legais, foi-se
tornando mais importante identificar com exatidão as gentes.
Em algumas comunidades nos centros urbanos, os nomes
próprios eram insuficientes para distinguir as pessoas. No
campo, com o direito de sucessão hereditária de
terras, era preciso algo que indicasse vínculo com o dono da
terra, para que os filhos ou parentes pudessem adquirir a
herança, já que qualquer pessoa com o mesmo nome
poderia tentar se passar por filho. Acredita-se que na Europa,
só depois de terminado o século XIX, a maior
parte das pessoas de qualquer nível social tinha um
sobrenome, ou sobrenomes, hereditários, fixos nalguns casos.
Fora da cultura lusófona, este sobrenome tendia a ser
patrilinear, único, e identificava a família como
primado de identidade masculina, provendo assim uma
ligação com o passado, e preservando sua
identidade no futuro.
No mundo fora da Lusofonia não é surpresa o fato
de que antigamente a prioridade das famílias mais
importantes fosse ter filhos homens, para manter o nome, afinal, os
filhos homens eram quem passava o sobrenome para as novas
gerações, e por essa razão era
desgostoso para uma família não ter nenhum
descendente masculino. Já em Portugal vigorava o conceito de
casa, tanto entre a nobreza quanto entre o povo, constituído
pela noção de património familiar
comum partilhado, no qual, na ausência de varões,
sucediam as mulheres como senhoras da casa, que em muitos casos
transmitiram, e transmitem ainda, esse sobrenome da casa à
sua descendência. É o chamado sistema misto. Este
costume português explica porque é que atualmente
são raríssimas, se é que ainda
existem, as famílias portuguesas, ou de origem portuguesa,
que mantenham a varonia do sobrenome, ou sobrenomes usados na
atualidade. Ao contrário da França, por exemplo,
aonde se sabe que as famílias se consideram extintas na
falta de homens que lhes transmitam o nome, em Portugal elas
sobreviveram, bem como o uso dos sobrenomes antigos, através
da transmissão por via feminina.
Além disto, convém ainda ter em conta que durante
a profunda vivência religiosa dos tempos antigos, a
noção de parentesco e de família, mais
do que carnal, era considerada espiritual, pelo que as pessoas com
larga vivência comum numa mesma casa, aonde a
família se considerava constituída por amos,
parentes, filhos, criados, e até os escravos, todos podiam
ser conhecidos pelo sobrenome principal da casa, mesmo os escravos
baptizados, que recebiam no baptismo os nomes e sobrenomes dos seus
senhores. E o parentesco espiritual era tão forte que, por
exemplo, padrinhos eram considerados como pais dos seus afilhados,
impedidos de casar, por exemplo, etc. Assim, muitas vezes os afilhados,
sobretudo quando herdavam dos padrinhos, tomavam os seus sobrenomes,
especialmente se estes fossem seus parentes, mesmo que remotos, sem
outra razão para tal que não fosse manter um
mesmo sobrenome ligado aos mesmos bens transmitidos. Este aspecto
esteve mesmo muitas vezes consignado nas escrituras de
instituição de vínculos temporais, em
que os instituidores obrigavam todos os sucessores a usarem o sobrenome
ligado aos bens, o que explica o costume formado em Portugal de
utilização oficial de cada vez mais sobrenomes,
de maneira a não poder perder esses bens que tinham essa
cláusula.
Formação e adoção dos
sobrenomes noutros países europeusNoutros países,
o processo foi muito distinto. Parece que o uso moderno dos nomes
hereditários é uma prática que se
originou na aristocracia comercial veneziana durante as Cruzadas, na
Itália, por volta do século X ou XI. Muitos
desses nomes italianos usados eram, porém, não os
de uma família de sangue, mas sim de uma família
corporativa, ou seja, um nome comum para todos os membros de um
sindicato comercial, e respectivos familiares, unidos pelo
negócio, e não pela biologia. Outros viajantes,
voltando da Terra Santa e passando pelos portos da Itália,
tomaram nota deste costume e o espalharam muito lenta e gradualmente
pelo resto da Europa Ocidental, nas zonas litorâneas urbanas
por onde passava a navegação de cabotagem. Por
exemplo, no começo dos séculos XV e XVI os nomes
de família ganharam popularidade na Polônia e na
Rússia. Os países escandinavos, amarrados ao seu
costume de usar o nome do pai como segundo nome, não usaram
nomes de família antes do século XIX, e na
Islândia - país com pequena
população - até hoje se
mantém este uso. A Turquia esperou até 1933,
quando o governo forçou a prática de sobrenomes a
ser adotada em seu povo.
Os sobrenomes foram primeiramente usados pela nobreza e ricos
latifundiários (senhores feudais), e pouco a pouco foram
adotados por comerciantes e plebeus. Os primeiros nomes que
permaneceram foram aqueles de barões e
latifundiários, que receberam seus nomes a partir de seus
feudos ou propriedades. Estes nomes se fixaram através da
hereditariedade destas terras. Para os membros da classe
média e trabalhadores, como as práticas da
nobreza eram imitadas, começaram a usar assim os sobrenomes,
levando a prática ao uso comum.
É uma tarefa complicada classificar os nomes de
família por causa das mudanças de ortografia e
pronúncia com o passar dos anos. Muitas palavras antigas
tinham significados diferentes na época, ou hoje em dia
estão obsoletas. Muitos nomes de família
dependeram da competência e discrição
de quem os escreveu no registro. O mesmo nome pode muitas vezes estar
escrito de diferentes maneiras até mesmo em um documento
só. Um exemplo: Carlos Red, que recebeu seu nome por ter
cabelos vermelhos (red=vermelho, em inglês), pode ter
descendentes prováveis com o sobrenome Reed, Reade, etc.
Formação dos sobrenomes ou apelidos em geralOs
nomes de família chegaram até nós de
diferentes maneiras. A grande maioria dos sobrenomes evoluiu de cinco
fontes principais:
Ocupação: John, sendo carpinteiro, cozinheiro,
moleiro, alfaiate, chamar-se-ia em inglês, respectivamente,
de: John Carpenter, John Cook, John Miller e John Taylor. Um ferreiro,
se chamaria em inglês de Smith, um dos sobrenomes mais
comuns. Toda vila tinha os seus Smiths (ferreiros), Millers (moleiros),
Taylors (alfaiates) e Carpenters (carpinteiros), Gardners
(jardineiros), Fishers (pescadores), Burke ou Burgie (tem a ver com
castelos ou fortes), Hunters (caçadores), sendo que os
Millers de uma vila não tinham necessariamente qualquer
relação com os Millers de outra vila.
Localidade: O John que morava numa colina/montanha (hill, em
inglês) pode ter ficado conhecido por John Overhill (over,
considera-se "em cima"). O John que morava perto de um riacho poderia
ser chamado de John Brook (brook=arroio, ribeiro). Pode-se dizer que,
em inglês, um sobrenome deriva de um local quando, por
exemplo, termina em:
-hill (em inglês) ou -berg (em alemão), ambos
significam montanha, monte;
-ford (um leito de rio);
-wood (floresta, bosque);
-brook (arroio, ribeiro);
-well (poço).
Alguns nomes portugueses são derivados de nomes estrangeiros
de localidade. Por exemplo, Dutra teria vindo do holandês
'van Utrecht'. Patronímico e matronímico: Muitos
sobrenomes indicavam antigamente o nome do pai ou da mãe;
por exemplo, "Esteves" significa "filho de
Estêvão". Mas também Joana Fernanda
significava Joana, filha de Fernanda, assim como André
João significou André, filho de João,
e José Mariano quis dizer José, filho de Maria.
Alguns dos patronímicos e matronímicos
são cursivados, e se passará a chamar
Joana
Fernandes ou André Eanes aos mesmos dois exemplos referidos
atrás, processo sempre iniciado no litoral, e mais tardio no
interior português ou no interior colonial.
Os sufixos (ou
prefixos) dos patronímicos variam de país para
país:
Alemanha: -sen; -mann. Exemplos: Jansen, Petersen, Hansen, Hartmann,
Lehmann, Kaufmann
Armênia: -ian. Exemplos: Aracy Balabanian, e Stepan
Nercessian atores armenos-brasileiros; ou Cherilyn Sarkisian, nome da
atriz norte-americana Cher.
Bulgária: -ov (masc.); -ova (fem.). Exemplos: Stoyanov(a).
Dinamarca: -sen. Exemplos: Olsen, Petersen.
Escócia: Mc-; Mac-. Exemplos: McNamara, MacMillan.
Espanha: -ez. Exemplos: Fernández, Méndez.
Finlândia: -nen. Exemplos: Virtanen, Salonen,
Häkkinen.
França: -t. Exemplo: Martinet. Como o ator e dublador
estadunidense Charles Martinet
Geórgia: -dze; -shvili. Exemplos: Makharadze, Saakashvili,
Gabashvili.
Grécia: -poulos. Exemplos: Tatopoulos, Papadopoulos.
Hungria: -yi. Exemplo: Simonyi.
Inglaterra: -son. Exemplos: Johnson, Williamson.
Irlanda: Mc-; Mac-; O'-. Exemplos: McNaughton, MacNamara, O'Neil.
Islândia: -sson (masc.); -dóttir (fem.). Exemplos:
Danielsson, Davíðsdóttir.
Itália: -i. Exemplos: Puchetti, Leonardi, Lorenzi, Benhossi.
Normandia: Fitz-. Exemplos: Fitzgerald, Fitzpatrick.
Noruega: -sen. Exemplos: Sörensen, Jakobsen, Mortensen.
País Basco: -ena. Exemplos: Hernandorena, Michelena
(Mitxelena).
País de Gales: Ap-, Up-, -s. Exemplo: Apjohn, Upjohn,
Updike, Roberts, Williams.
Países Baixos: -ssen. Exemplo: Janssen.
Países Catalães: -is; -es. Exemplo: Vives.
Polônia: -wicz; -ski. Exemplos: Marcinkiewicz, Kowalski.
Portugal: -(e)s. Exemplos: Simões (filho de
Simão); Guimarães (filho de Guímaro,
ou Vímara); Fernandes (filho de Fernando); Henriques (filho
de Henrique); Nunes (filho de Nuno); Martins (filho de Martim);
Rodrigues (filho de Rodrigo).
Romênia: -escu. Exemplos: Filipescu, Popescu.
Rússia: -ov, -ev (masc.); -ova, -ovna (fem.); -vitch.
Exemplos: Ivanov(a), Petrovich.
Sérvia: -ić. Exemplos: Petrović; Petković;
Milošević.
Suécia: -sson. Exemplos: Petersson, Gustafsson.
Ucrânia: -enko. Exemplo: Timoshenko.
Na Normandia, John, filho de Randolph, ficaria John fitz-Randolph. Na
Escócia, os descendentes, por exemplo, de Gilleain eram
conhecidos como MacGilleain e mais tarde abreviava-se para Mc, como
McClean, McLane, McCann, McDaudt, etc.
Apesar do nome patronímico ter sido usado por um longo
tempo, eles sempre mudavam de geração para
geração. Como exemplo, John, filho (son) do
William, poderia ser conhecido como "John Williamson", mas o filho dele
teria como sobrenome "Johnson", por ser filho (son) do John.
Característica: um homem muito baixo poderia ser chamado, em
inglês, de Small, Short, Little ou Lytle. Um homem grande
poderia ser então Longfellow, Large, Lang ou Long. Muitas
pessoas que tinham características de um animal receberiam
dele o nome, como por exemplo, uma pessoa travessa, astúcia,
poderia ser chamada de Fox (raposa); Um bom nadador, de Fish (peixe);
um homem quieto, Dove (pombo) e assim por diante. Os sobrenomes que
são normalmente engraçados, alguns surpreendentes
e por vezes até embaraçosos, são os
nomes que provêm das características. Nem sempre
se pode levar a sério o significado de um sobrenome
comparando com os valores de hoje em dia, pois o significado das
palavras mudou durante centenas de anos. Diante do sobrenome
inglês "Stout", pode-se interpretar que o titular deste
sobrenome era gordo, forte ou então decidido, resoluto.
Muitos sobrenomes têm mais de uma origem. Por exemplo, o
sobrenome inglês "Bell" (sino) pode dizer tanto de
alguém que morou ou trabalhou onde se toca o sino, quanto
alguém que fabricava sinos. Pode ser descendente de alguma
Isabel, ou pode ter vindo do francês antigo no qual a palavra
"bel" significa beleza, correspondendo então a
alguém muito bonito.
Religião: nos países em que a religião
mais influente é a cristã, é habitual
o uso de designações religiosas nos apelidos.
Exemplos: Aleluia, Anjos, Assunção, Baptista,
Espírito Santo, Graça, Luz, Jesus, Santos,
Trindade.
Uma
das ciências auxiliares da História, a Genealogia
está intimamente ligada aos sobrenomes. A busca pela origem
dos nomes das famílias é uma das formas de
obtenção dos registros que permitem conhecer a
árvore genealógica de uma pessoa, bem como dados
importantes sobre a origem de sua parentela. A internet revolucionou a
pesquisa genealógica, reunindo recursos que
diminuíram muito o tempo necessário para
construir uma árvore de ancestrais. Tecnologias como as
redes sociais são empregadas de forma a facilitar a busca
por pessoas distantes que tenham o mesmo sobrenome, parentes
esquecidos, perdidos ou por registros relevantes.
fonte - http://pt.wikipedia.org/wiki/Sobrenome |
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